A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.
O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.
Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.
O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.
Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.
Precisar de dominar os outros é precisar dos outros. O chefe é um dependente.
Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideia
Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos).
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflete o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste.
Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária.
Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta.
A renúncia é a libertação. Não querer é poder.
Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.
Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência.
Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.
Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar.
O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade.
Fernando Pessoa
Minha querida e amada amiga!
ResponderExcluirGosto muito de visitar-te,teus post nos dá razão para refletir-mos sempre...vc é genial querida!
bjs prá ti!
Severa, obrigada amiga, você é genial e muito autêntica e isso eu aprecio e muito nas pessoas, beijos amiga!
ResponderExcluirAmiga Ivone, gosto de vir aqui, local onde leio temas sérios, mas escritos com a leveza de quem possui uma vida interior intensa. O post de hoje, então, alegrou imensamente, pois sou fã incondicional de Fernando Pessoa.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas uma linda tarde.
Dilmar, que bom que temos algo em comum, ou melhor, acho que temos muito em comum, portanto eu também desde os meus tempos de colégio, faz tempo, rsrs, eu sempre amei ler Fernando Pessoa, acho que me encantou o fato dele usar vários heterônimos e isso ainda me faz pensar e muito em como isso acontecia!
ResponderExcluirAbraços amigo, estamos de certa forma interagindo em nossos comentários e isso é enriquecedor!
Ivone, já estava com saudade de ti e daqui! Após dias ausente, venho e me deparo com Fernando Pessoa, que maravilha! "SENTIR É CRIAR", meu Deus, quanta lucidez... Isso é um mantra, simples e perfeito! Bjus
ResponderExcluirAmei essas frases amiga, são tantas que esse gênio da literatura portuguesa nos deixou, imagine só que ele só foi reconhecido depois de morto, isso me intriga, sabia?
ResponderExcluirLu, Pessoa foi médium ou sensitivo muito especial, ele é imbatível em minha opinião!
Abraços e estou feliz por ter você aqui!