TRANSCENDÊNCIA.

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Meu nome completo é Ivone Henriques Sato, sou casada e feliz por ter encontrado o amor em minha Vida com "V" MAIÚSCULO,como costumo dizer e escrever, aqui deixo meus pareceres sobre a Vida, minha linda e amada Vida que ganhei de presente. Sim, de presente, viver é mesmo um lindo presente, portanto agradeço imensamente, principalmente aos meus familiares queridos, meu casal de filhos, casados, felizes, meus netos amados, dois lindos casais, hoje estão ficando adolescentes, eu, ah, sou uma sexagenária feliz da vida!!!

segunda-feira, 7 de julho de 2014

HETERONOMIA.

É um conceito criado por Kant para denominar a sujeição do indivíduo à vontade de terceiros ou de uma coletividade.
Como todos os que estudaram sobre os heterônimos de Fernando Pessoa, sabem bem que foi ele o único escritor que usou a heteronomia na literatura, isso ainda nos intriga, pois ele próprio descreveu tal coisa como sendo algo místico, portanto aqui deixo um trecho de uma carta que nem sei bem onde li e copiei, portanto está entre aspas.
O“dia triunfal” em que Fernando Pessoa deixou registrado sua primeira experiência em escrever em nome de seus heterônimos, começava assim: “...foi em 8 de março de 1914 – acerquei-me de uma cômoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa es­­péci­e de êxtase cuja natureza não conseguirei de­fini­­­r. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca po­derei ter outro assim. Abri com um título, O guar­dador de rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive. E tanto assim que, escritos que foram esses trinta e tantos poemas, imediatamente peguei noutro pa­pel e escrevi, a fio, também, os seis poemas que constituem a Chuva oblíqua, de Fernando Pessoa. Imediatamente e to­talmente... Foi o regresso de Fernando Pessoa-Alberto Caeiro a Fernando Pessoa ele só. Ou, melhor, foi a reacção de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro. Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscien­temente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode triunfal de Álvaro de Campos – a ode com esse nome e o homem com o nome que tem. Criei, então, uma coterie inexistente. Fixei aquilo tudo em moldes de realidade. Graduei as influências, conheci as amizades, ouvi, dentro de mim, as discussões e as divergências de critérios, e em tudo isto me parece que fui eu, criador de tudo, o menos que ali houve. Parece que tudo se passou independentemente de mim. E parece que assim ainda se passa. [...] Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construí-lhes as idades e as vidas.” (Carta a Casais Monteiro, janeiro de 1935.) Ou seja, em 8 de março de 1914 nascem os hete­rô­ni­mos que ao ler a carta parece ao próprio Pessoa algo confuso, a nós que lemos ficamos também sem entender bem o que acontecera, mas como fora o próprio em punho que afirma tudo isso não podemos deixar de ler e tentar entender!
Amo ler e pesquisar, até me proponho a aqui divulgar os meus interesses literários, assim quem sabe todos nós podemos tirar nossas próprias conclusões, eu por mim sempre achei isso intrigante, pois tenho o dom de psicografar, é tão mágico que ainda não encontrei a resposta para isso, meus dedos teclam com rapidez incrível e quando é com caneta, as letras saem de forma que não posso controlar por ser mais rápido ainda, estou tentando estudar tudo isso e ainda fico a pensar e repensar no assunto!
Fernando Pessoa deixou algo vasto para que possamos ler e tentar entender, eu amo essas coisas de misticismo, faz parte de minha Vida, não fico a sismar nem a fazer rituais, pois não acredito nisso, mas minha mente sempre vai para o lado positivo de tudo, pelo menos consigo ficar leve com isso, me sinto feliz e bonita, sem medo da Vida, tampouco medo de envelhecer!

Ivone